Estão a ver-nos?

Manuel, deficiente visual, nos faz descobrir a sua vida : a escola, os professores, os amigos, os recreios. Com o seu melhor amigo, ele evoca os pequenos atritos do quotidiano. Também o vemos em casa, com a mãe, o pai, a irmã. Manuel nos revela o seu imaginário, os seus sonhos, os seus gostos : ele é apaixonado por futebol, tenta até jogar et segue todos os relatos pela radio, outra paixão. A visita nos estúdios e os encontros com os jornalistas Adelino Gomes, Henrique Garcia, Julio Isidro – cujas vozes ele conhece muito bem – são momentos de emoções fortes. Manuel fica tão feliz de contar, conversar, discutir, até faz confidências pessoais.  “A comunicação é uma forma de cultura”, diz ele. 

 

O filme foi possível graças à cumplicidade com Manuel ; criamos um laço afectivo forte que nos permitiu enfrentar juntos as evidentes dificuldades da rodagem. Como filmar? Se ele não vê, sem o olhar dele, como construo o meu olhar de cinema para ele? Foi muito perturbador para mim. E para ele. Manuel veio na sala de montagem “ver” o filme acabado. E gostou muito. Ficou feliz e em paz com ele mesmo. 

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Com a participação de Manuel, alunos e professores do colégio Helen Keller, os jornalistas Adelino Gomes, Henrique Garcia, Júlio Isidro, etc.